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No Brasil, e em outros países em desenvolvimento, o indivíduo é classificado como idoso quando alcança os 60 anos, em países desenvolvidos essa faixa-etária vai para 65 anos, de acordo a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Vários fatores são considerados para essa classificação, mas se baseia, principalmente, na expectativa de vida desses países.

 

Gerontologia

A gerontologia é o campo do conhecimento que estuda o envelhecimento natural, incluindo fatores biológicos, psicológicos e sociológicos, diferente da geriatria, a qual estuda o as doenças presentes nessas populações, incluindo as fases de diagnóstico e tratamento. Por tanto, a nutrição em gerontologia é o campo que estuda os aspectos nutricionais na perspectiva do envelhecimento, desde as alterações fisiológicas, a promoção da saúde e prevenção de doenças por meio de uma alimentação adequada e saudável.

 

A alimentação tem um papel central na prevenção de doenças, mas também no manejo clínico de algumas doenças, como na diabetes mellitus, hipertensão, dislipidemias e obesidade. No campo preventivo, a nutrição pode se apresentar de três modos:

 

Prevenção primária, que tem ênfase na promoção e prevenção da saúde com base em uma alimentação saudável associada a atividade física.

 

Prevenção secundária, envolve a redução de risco e retardo dos progressos de doenças crônicas relacionadas à nutrição com objetivo de manter a funcionalidade e qualidade de vida dos indivíduos. Por exemplo, um indivíduo diabético que não consegue manter uma alimentação adequada e o controle da glicemia pode resultar em complicações que vão impactar na sua qualidade de vida e reduzindo a sua dependência e funcionalidade para realização de atividades cotidianas.

 

Prevenção terciária, nesse caso o foco é o gerenciamento de caso e o planejamento de alta, por exemplo, em indivíduos hospitalizados que apresentam alterações no trato gastrointestinal, disfunção na mastigação e no apetite, o que vai resultar na necessidade de terapia nutricional, com modificação de dietas e limitações quali-quantitativas.

 

 

 

Alterações fisiológicas com impacto sobre nutrição do idoso

 

Composição corporal – devido as alterações hormonais, alterações do controle hidroeletrolítico, disfunções no trato gastrointestinal, redução da capacidade de diferenciação e proliferação celular, os indivíduos idosos sofrem diversas alterações na sua composição corporal. Os dois principais tecidos afetados durante o envelhecimento são o tecido adiposo e o tecido muscular.


Tecido adiposo – tende a sofrer um aumento durante o aumento, especialmente com a deposição na região abdominal, a chamada gordura visceral, que envolve os órgãos está associada a complicações metabólicas e doenças cardiovasculares.

 

A obesidade é uma das consequências desse maior acúmulo de gordura, essa doença está associada a diversas complicações, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, artrite sistêmica, dislipidemias e câncer. No cuidado nutricional do paciente idosos obeso, a perda de peso deve estar entre os objetivos centrais, já que além dos aspectos de saúde, está associado diretamente com a qualidade de vida e funcional desses indivíduos. O manejo nutricional na obesidade, assim como nas outras faixas-etárias, deve ser acompanhado de uma dieta hiperproteica se não houver restrições devido à problemas hepáticos e renais. Uma perda ponderal de 10% já apresenta resultados satisfatórios, essa deve ser a meta nos 6 primeiros meses por meio da reeducação alimentar, adequação energética e atividade física.


Tecido muscular – enquanto o tecido adiposo, principalmente o visceral, tende a aumentar, o tecido muscular sofre uma drástica redução durante o envelhecimento, estima-se que a partir de 50 anos de idade ocorra uma redução da massa muscular de 1,2 a 2% por ano. Essa redução da massa muscular também reflete na redução da força muscular. Essa redução concomitante da força e massa muscular resulta no quadro da sarcopenia, uma doença musculo esquelética. Devido a essas alterações, a população idosa se torna fator de risco para maiores complicações hospitalares, tal qual o maior risco de quedas e fraturas, menor funcionalidade e maior morbimortalidade.


Obesidade sarcopenica – com o aumento do tecido adiposo podemos pensar que a massa muscular desses indivíduos aparenta estar adequada, entretanto, como vimos, a massa muscular tende a reduzir no envelhecimento, e quando esse individuo apresenta um quadro de obesidade a percepção dessa perda fica inviável apenas com exame físico, requerendo uma avaliação mais detalhada. Nesses indivíduos a perda de massa muscular pode se tornar mais grave do que em indivíduos estróficos devido ao quadro inflamatório crônico instaurado que afeta negativamente a massa muscular, além de a obesidade estar associado a inatividade física, consequentemente, acelerando a perda de massa muscular.

 

Desnutrição – é um problema recorrente entre idosos institucionalizados, ambiente hospitalar e de regiões com dificuldade de acesso a alimentação adequada. E um problema que não deve ser negligenciada. Idosos com desnutrição proteica-energética apresentam maior risco de complicações, imunidade prejudicada e fragilidade geral. Por exemplo pacientes denutridos apresentam maior risco de úlcera por lesão.


Úlcera de pressão – esse é um problema específico de indivíduos acamados, afetando principalmente a população idosa que por algum motivo perdeu a mobilidade e funcionalidade, resultando na permanência por logos períodos em leitos, seja de instituições de permanência, hospitais ou domiciliares. A úlcera por pressão afeta grade parte desses indivíduos, se trata lesões causadas pela pressão contínua que afetam o fluxo sanguíneo capilar para a pele e tecidos adjacentes. Vários são os fatores que podem influenciar no aparecimento dessas úlceras, no entanto a mobilidade prejudicada é o principal fator, bem como a incontinência urinária. A presença dessas úlceras é um sinal de alerta para o nutricionista que deve dar atenção nutricional especializada para esses indivíduos, havendo recomendações especificas para essa condição.

 

GRAU DA LESÃO

RECOMENDAÇÕES

Suspeita de lesão profunda no tecido

30kcal/kg peso

0,8 a 1,0 g proteína/kg

Estágio I

30 a 35 kcal/kg peso

1,25 a 1,5 g proteína/kg

Estágio II

30 a 35 kcal/kg peso

1,25 a 1,5 g proteína/kg

Estágio III

35 a 40 kcal/kg peso

1,5 a 1,7 g proteína/kg

Estágio IV

35 a 40 kcal/kg peso

1,75 a 2,0 g proteína/kg

 

 

Gastrointestinais – Obviamente, um dos sistemas mais afetados durante o envelhecimento é o sistema gastrointestinal, o qual sofre mudanças fisiológicas, histológicas, sensoriais e funcional, as quais, impactam diretamente no estado nutricional do idoso. Entre as principais alterações estão:


  • Redução da capacidade de mastigação;
  • Alteração do paladar (disgeusia);
  • Redução do olfato (hiposmia);
  • limitação de abertura bucal (trismo);
  • Redução da salivação (xerostomia);
  • Redução apetite (anorexia);
  • Redução na produção de ácido hidroclorídrico (acloridria);
  • Uso de prótese dentaria;
  • Alterações na deglutição e esôfago;
  • Redução das secreções digestivas;
  • Alteração na função hepática;
  • Alterações no trânsito intestinal;
  • Redução da capacidade absortiva.

Essas alterações associadas a outros fatores, como uso de medicamentos e certas doenças, afetam diretamente o estado nutricional do idoso, gerando carências nutricionais e perdas importantes, tal qual a redução da massa muscular, acarretando o quadro de sarcopenia. Já algumas alterações podem afetar nutrientes específicos como a redução da absorção de B12, a cianocobalamina é uma vitamina hidrossolúvel dependente do fator intrínseco, que é liberado na região gástrica, o qual depende da acidez do estomago para ser liberado, em outras palavras a acloridria afeta diretamente a absorção de cobalamina, que a longo prazo pode resultar em complicações como fadiga crônica, demência, confusão e fraqueza dos membros.

 

Imunocompetência – um dos sistemas que mais impactam no estado nutricional e que mais sofrem com alterações nutricionais, provavelmente, é o sistema imunológico. Indivíduos em quadros de resposta inflamatória aguda possuem uma demanda energética-proteica maior do que o normal, ao mesmo tempo que indivíduos desnutridos ou com carências nutricionais apresentam quadros de imunossupressão. Com o avanço da idade há um declínio natural na suficiência imunológica, ou seja, a resposta imune de indivíduos idosos é mais vagarosa e menos eficiente, a qual pode ser ainda mais afetada com carências nutricionais. Consequentemente, esses indivíduos apresentam maior risco de doenças infecciosas e o desenvolvimento de câncer, conforme as células do sistema imune também atuam na lise de células cancerígenas.

 

Essas são algumas das principais alterações do envelhecimento que estão relacionadas às complicações que afetam o estado nutricional, podemos citar várias outras, como alterações neurológicas, como Alzheimer, demência, depressão, disfunções renais, arritmias e alterações oculares.

 

 

 

 

Triagem nutricional do idoso

Segundo as diretrizes de nutrição e hidratação em geriatria da Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo (ESPEN), todos os idosos, independentemente  do diagnóstico – incluindo obesidade e sobrepeso – devem ser rastreados para a desnutrição com uma ferramenta validada para identificar indivíduos com risco nutricional. Se tratando de triagem nutricional, o padrão ouro é a Miniavaliação Nutricional (MAN), que inclui dois elementos principais: (a) triagem e (b) avaliação. É um formulário simples que conta com avaliação de dados antropométricos (IMC, circunferência do braço, circunferência da panturrilha e perda de peso); avaliação global (perguntas relacionadas com o modo de vida, medicação, mobilidade e problemas psicológicos); avaliação dietética (perguntas relativas ao número de refeições, ingestão de alimentos e líquidos e autonomia na alimentação); e autoavaliação (a autopercepção da saúde e da condição nutricional).

 

A Determine Your Nutritional Health (DNH) é outra ferramenta de triagem que pode ser utilizada para avaliação de idosos, nesse caso, para idosos hospitalizados e na atenção primária domiciliado.

 

Por fim a Nutritional Risk Screening 2002 (NRS2002) é outra ferramenta que também pode ser aplicada na triagem de idosos.

 

 

Avaliação nutricional do idoso

Devido as alterações metabólicas que impactam a composição corporal, algumas medidas aferidas durante a fase adulta podem se tornar imprecisas no individuo idoso, por exemplo, as dobras cutâneas e circunferências, pode estar superestimadas ou subestimadas devido ao excesso de pele ou acumulo de líquidos, ou próprio IMC, que deve ser interpretado com cautela, pois, como já vimos há um aumento da massa gorda e redução da massa magra, e da estatura, devido a curvatura caracteristica do envelhecimento,  dando uma falsa impressão de que o indivíduo está eutrofica e com peso adequado, mas pode estar com sarcopenia e com outras carências nutricionais. Entretanto, o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) preconiza o uso do IMC como marcador de estado nutricional de indivíduos com 60 anos ou mais.

 

Outro ponto importante é a diferença entre a classificação do IMC de adultos para idosos, os quais possuem uma classificação própria, a The Nutrition Screening Initiative (NSI):

 

IMC

Classificação

≤ 22

Desnutrição

22 a 27

Eutrofia

≥ 27

Obesidade


Circunferência da cintura

É uma medida que não possui pontos de cortes específicos para idosos, o que é importante já que como vimos, a tendencia é que durante o envelhecimento haja maior acúmulo de gordura visceral. Portanto a circunferência da cintura (CC) pode e deve ser utilizada para monitorar o estado nutricional.

 

Atualmente são considerados pontos de corte para risco de problemas cardiometabólicos associado a elevação da CC:

 

Sexo

Risco aumentado

Risco muito aumentado

Masculino

≥ 94 cm

≥ 102 cm

Feminino

≥ 80 cm

≥ 88 cm


Circunferência da panturrilha

Utilizada para o diagnóstico da sarcopenia, a circunferência da panturrilha é uma das principais medidas quando o assunto é avaliação nutricional do idoso, sendo um excelente método para avaliar a perda de massa muscular, recorrente nessa população. De maneira geral, considera-se o ponto de corte ≤ 31 cm para ambos os sexos. Valores acima desse, considera-se adequado.

 

Altura do joelho

Por ser uma população pode apresentar índices elevados de indivíduos acamados, a altura do joelho é uma das medidas mais utilizadas nessa população. A altura de joelho pode ser um bom marcador para estimar a altura de indivíduos acamados, pois é umas das medidas que sofre pouca ou quase nenhuma interferência com o processo de envelhecimento.

 

 

Necessidades nutricionais

O envelhecimento impacta diretamente no metabolismo, uma das alterações mais perceptíveis é a redução da taxa metabólica basal (TMB), mais um fator que pode acarretar alterações no estado nutricional, como a obesidade se a ingestão alimentar adequada e a prática de atividade física não fazerem parte dos hábitos do idoso.

 

A sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo (ESPEN) possui diretrizes especificas para a nutrição e hidratação do idoso, nela a instituição traz algumas recomendações com objetivo de prevenir complicações durante o envelhecimento.

 

A orientação de ingestão da ESPEN é de 30kcal por kg de peso por dia, sendo esse valor ajustado para atividade física, estadiamento da doença, estado nutricional e tolerância. Para idosos com IMC ≤ 21, recomenda-se valores entre 32 e 38 kcal de kg por dia.

 

Quanto a ingestão proteica, os idosos devem ingerir 1,0 g de proteína por kg de peso por dia. Em algumas condições a quantidade de proteína deve ser ajustada, por exemplo em quadros inflamatórios, infecções, úlceras e doenças crônicas são sugeridos de 1,2 a 1,5g/kg e até 2,0 g/kg para indivíduos com desnutrição, doenças graves ou lesões.

 

Recomendação geral

Desnutrição

Energia

30 kcal/kg/dia

32 a 38 kcal

Proteína

1,0 g/kg/dia

2,0 g

Água

1,6 a 2L/dia

-

 

Para os idosos que apresentam sobrepeso e obesidade, a ESPN recomenda o uso da restrição calórica, de mais ou menos 500 kcal/d a menos do que a necessidade, tendo como base a ingestão mínima de 1000 a 1200 kcal por dia. Objetivo dessa restrição a perda de 0,25 a 1kg por semana, ou 5 a 10% do peso inicial em 1 mês. Esses indivíduos devem receber ao menos 1g de proteína por dia.

 

Em todos os processos, manutenção, perda ou ganho de peso, a educação alimentar e nutricional possui um papel muito importante destaca a ESPEN em suas diretrizes, portanto, esses indivíduos devem ser orientados quanto a ingestão adequada e saudável de acordo o seu ciclo de vida.

 


Micronutrientes

Além de desnutrição e sarcopenia, a população idosa é propensa a sofrer de algumas deficiências devido ao envelhecimento, como o caso da vitamina D, o calcitriol, que apresenta sua síntese cutânea reduzida em idosos, ou a cianocobalamina (B12), que pode ter sua redução prejudicada devido a acloridria.

 

Pessoas com 50 anos ou mais devem ingerir alimentos fortificados com forma cristalina da B12, como cereais e suplementos alimentares. Recomenda-se também a suplementação de vitamina D para idosos, com doses de 50.000 UI, 1 vez na semana por 8 semanas; 6.000 UI ao dia por 8 semanas ou 3.000 a 5.000 UI por dia durante 6 a 12 semanas.

 

RDA PARA IDOSOS

Nutriente

Quantidade

Vitamina B12

2,4 mg

Vitamina D

800 UI ou 5 µg

Ácido fólico

400 µg

Cálcio

1.200 mg

Fosforo

700 mg

Potássio

4.700 mg

Sódio

1.500 mg

Zinco

11 mg/H 8 mg/F

Ferro

8 mg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências

1.    MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J.L. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 15ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2022.


2.    VOLKERT, D. et al. ESPEN practical guideline: Clinical nutrition and hydration in geriatrics. Clinical Nutrition, v. 41, n. 4, p. 958–989, 1 abr. 2022.

 

3.    VITOLO, M.R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2014